quinta-feira, 22 de outubro de 2009

SEGUNDA CARTA - maio de 1999


LaRubya,
adorei sua coluna no Basfond e queria pedir alguns conselhos. Os dias em que vivemos hoje são muito cruéis. Por que será que todos nós temos que ser escravos das academias? Eu não tenho o corpo feio, sou cheinho, mas nada assim tão mostrengo, você me entende? As pessoas só procuram nas outras, corpos perfeitos, nem que sejam bombados e cheios de química. Saio as noites em São Paulo e não consigo ficar com ninguém se não estou usando minha cinta e ainda com roupa de grife. Quando eu sou eu mesmo, as pessoas nem olham pra mim. Será que em nome do amor e do sexo, tenho que me fantasiar de um personagem muito diferente de mim mesmo? O que devo fazer, Rubya?

Fofo - SP


Fofolete Solitária...

Entendo muitíssimo bem essa história de vestir personagem. Ora, se entendo!!!! Entendido ou não, vamos a questão: ser ou não ser você mesmo... que confusão! Já parou pra pensar na tempestade em taça de champagne que você está fazendo? Por um lado você acredita que corpo perfeito é aquele cheio de anabolizantes, que mais parece uma bexiga de festa de aniversário e, por outro, desvaloriza seu próprio corpinho, que é cheinho apenas de reservas naturais. Você acha que roupa de grife é passaporte? Passada! Que marca é sua cinta? Sinta-se a vonatde e jogue esse trambolho fora. De que adianta conquistar alguém com a barriguinha camuflada? Não tenha vergonha dela, de maneira nenhuma. Tem muita gente que gosta de pessoas fofas como você. É muito pior dormirem com a Barbie e acordarem com o Chuck. Que pesadelo pesado! Ai, desculpe o trocadilho! Quanto a sua preocupação com roupas de grife, lembre-se que a grife original (e grife isso!) é a derma, a epiderme e a hipoderme, que todo mundo tem igual, só que em tons diferentes que nunca saem de moda. Ou você muda de pele conforme os lançamentos de D&G? Estar bem vestido requer originalidade, criatividade e praticidade. Tente praticar algum exercício, se a estética o incomodar, não esquecendo de exercitar a mente, porque os aparelhos incham o corpo, não o cérebro. Caso contrário eu recomendo uma vaga na Escola de Arte Dramática e alguns livros do Stanislavisky, pois interpretar 24 horas por dia, nem Edmond Kean conseguiu. Não morra com o texto na mão. Prefira improvisação! Luz, câmera, acão! Ai sair de cena, feche a porta! Corta!

Beijos!

2 comentários:

  1. Rubya cretina!!!! Que saudade que eu tenho de vcs nos meus fds!!! E que delicia que é bater papo com vc! Ouvir vc tagarelar com tanta razão e tratar as pessoas assim, com tanto carinho! Vc é ótima em tudo que fala e faz! Te admiro! te dedico! Beijos e CLICKs!!!! FRAN

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